O Banco de Tecido Humano-Pele Dr. Roberto Corrêa Chem, da Santa Casa de Porto Alegre, integrante da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais da FIERGS, comemora 20 anos neste dia 23 de junho. A data também celebra uma conquista histórica e carregada de esperança para a saúde pública brasileira: a recente regulamentação do uso da membrana amniótica (placenta) em tratamentos de feridas complexas, como as causadas por queimaduras graves. Até então, a utilização desse tecido biológico não era permitida no Brasil. A expectativa é que a nova terapia seja incorporada aos atendimentos médicos ainda este ano, ampliando as possibilidades de recuperação para os pacientes.
Idealizado pelo industrial Jorge Luiz Buneder e por Dr. Robert Corrêa Chem, médico que trabalhou em importantes pesquisas da área, o Banco de Tecidos Humano foi pioneiro no Brasil e o terceiro de seu tipo na América Latina, nascendo de uma parceria visionária entre a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), a Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais e a Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), responsável pela viabilização financeira do projeto.
O Banco de Pele foi lançado em especial cerimônia na FIERGS contando com a presença do então coordenador do Conselho de Cidadania da FIERGS, Jorge Luiz Buneder, representando o presidente da FIERGS, Renan Proença; o diretor superintendente dos Bancos Sociais, Paulo Renê Bernhard; o responsável técnico pelo Banco de Pele, Dr. Roberto Corrêa Chem; o então provedor da Santa Casa, José Sperb Sanseverino; o diretor geral da Santa Casa, Olímpio Dalmagro; o presidente da Refinaria Alberto Pasqualini, Hildo Francisco Henz; os conselheiros do Banco de Pele, Paulo Sérgio Pinto, Airton Rocha, Hamilton Romanato Ribeiro, Carmen Maria Pinent Tigre, Adriane Barboza, Frederico Gerdau Johannpeter, Francisco Cirne Lima, Amara Martins e Ermes Pedrassani, entre outros importantes empresários.
Em 2009, Dr. Eduardo Mainieri Chem assumiu a direção do Banco, após o trágico falecimento de seu pai no voo AF 447, da Air France, que partiu do Rio de Janeiro em direção a Paris e caiu sobre o Oceano Atlântico na madrugada de 1º de junho de 2009. O voo AF447 levava 228 pessoas, entre elas Dr. Roberto Chem, sua esposa Vera e a filha Letícia.
Dr. Roberto Chem era chefe do Serviço de Cirurgia Plástica da Santa Casa de Porto Alegre e professor de medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Uma grande perda para a ciência brasileira.
Trabalho essencial
A principal função do Banco é a captação, processamento, controle de qualidade, armazenamento e distribuição de pele alógena humana para transplantes. Esse tipo de enxerto funciona como um curativo biológico temporário, essencial para proteger a área lesionada, reduzir a dor, minimizar a perda de líquidos e prevenir infecções em vítimas de queimaduras e outros tipos de ferimentos graves.
O trabalho desenvolvido também já foi fundamental em emergências de grande escala, como o incêndio da Boate Kiss, em 2013, quando o Banco de Pele forneceu material de forma emergencial para hospitais de várias regiões do Brasil.
Em 20 anos, o Banco contou com 685 doadores e atendeu 550 pacientes, em todo o país.
A doação de pele é um ato de solidariedade que ocorre após o diagnóstico de morte encefálica ou parada cardiorrespiratória, sempre com autorização familiar e sem causar mutilações ao doador.
Além da pele, o Banco já atua com a captação e distribuição de outros tecidos humanos, como córneas e ossos. Com a chegada da membrana amniótica ao seu portfólio, o Banco se prepara para dar mais um passo na inovação e na oferta de tratamentos avançados aos pacientes do SUS.
23/06/25