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Comunicação e Imprensa

Lançamento do Livro Carvão Vegetal

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O Banco de Resíduos, da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, lançará o livro Carvão Vegetal do Rio Grande do Sul, no dia 26 de agosto, às 14h, no Espaço Rio-Grandense Leste, na FIERGS. A obra, Geraldo Mário Rohde, procura desmistificar o conceito de que este material, de uso difundido em aciarias e em inúmeras outras indústrias, seja um produto de combustão espontânea, e, portanto, classificado como perigoso. Testes e pesquisas mostraram segurança no transporte e na estocagem.
 
Este livro apresenta uma reflexão científica sobre a questão da classificação do carvão vegetal produzido no Estado do Rio Grande do Sul a partir da Resolução no 420 da ANTT, sendo, portanto, perfeitamente situada no contexto da "issue driven science" (ciência orientada por questões).  

Pela prática atualmente adotada, o carvão vegetal do Rio Grande do Sul, e também o de outros estados brasileiros, está pré-classificado como um produto perigoso, pertencente à Classe "4.2 COMBUSTÃO ESPONTÂNEA".

Os resultados obtidos permitem afirmar que o carvão vegetal não apresenta a possibilidade da combustão espontânea, devendo assim ser retirado da classificação de produtos perigosos constantes na Resolução no 420 da ANTT.  

Embora esta argumentação tenha sua origem no Estado do Rio Grande do Sul, o seu resultado prático terá efeito sobre os demais estados brasileiros.  
 


Saiba mais sobre o carvão vegetal
(Texto de Geraldo Mario Rohde)
 
O carvão vegetal é um dos vários tipos de carvão artificial, contrapondo-se ao carvão fóssil, também chamado "mineral", que tem origem natural a partir das transformações de vegetais e, minoritariamente, animais.  O carvão vegetal é o produto principal da pirólise da madeira, a carbonização da madeira por combustão incompleta.  Tanto o processo quanto a atividade de carbonização são denominadas popularmente de "carvoejamento".

O carvão vegetal, também conhecido como "carvão de madeira" (ou, ainda, "carvão de lenha") é o resíduo da combustão incompleta ou da destilação da madeira, pela carbonização por combustão incompleta ou por destilação, que nada mais é do que o aquecimento gradual da madeira ou lenha no ar rarefeito, provocando primeiro a expulsão da água, seguindo-se outros produtos volatilizáveis (denominados imprecisamente de "voláteis"), restando o carbono livre. De maneira mais simples, a carbonização da madeira ocorre pela ação do calor, desprendendo primeiro a água nela contida sob a forma de vapor e, após, os líquidos orgânicos e gases não-condensáveis, ficando como resíduo o carvão vegetal. A transformação da madeira ou lenha começa a cerca de 180 oC e se completa a cerca de 400 oC.   

A qualidade do carvão vegetal obtida depende da madeira (espécie arbórea, tamanho e umidade contida) e do método de carbonização, apresentando sempre sob a forma da madeira que o originou, muitas vezes continua exibindo até a sua estrutura.

O carvão vegetal é utilizado no Brasil como combustível industrial (nas usinas siderúrgicas, metalurgia, indústrias de cimento), comercial (hotéis, saunas, motéis, padarias, pizzarias, restaurantes e churrascarias), doméstico rural e urbano (lareiras, fornos, churrasqueiras, grelhas, etc.) e, inclusive, em usinas termelétricas.
 
O carvão vegetal é, nos mais variados países do mundo, produzido a partir de madeira ou de resíduos de madeira pelo processo de carbonização (ou pirólise), usando fornos de terra, argila, alvenaria (tijolo) ou modernos fornos industriais.  Os fornos de argila são usados para a produção de carvão vegetal há mais de 2500 anos.

O Brasil é o maior produtor mundial de carvão vegetal, sendo que mais de dois terços de sua produção são utilizados pelas indústrias siderúrgica e metalúrgica, principalmente em Minas Gerais e Pará. Nos demais estados do Brasil, o uso principal é o preparo de alimentos (por cocção e em grelha) como o caso de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.  Tendo em vista o preparo típico do tradicional churrasco gaúcho com este combustível, muitas vezes ele é referido como "carvão de churrasco".

Além do grande consumo, o Brasil também é o principal produtor mundial de carvão vegetal, sendo que a produção por meio de florestas plantadas (do gênero Eucaliptus, de modo geral e Acacia ou Pinus) vem se ampliando cada vez mais de maneira a atender às restrições ambientais.

Em relação às tentativas para desenvolvimento da tecnologia de produção do carvão vegetal, o uso dos tradicionais fornos "rabo quente" (fornos de argila e/ou tijolo) está evoluindo para o uso de fornalhas retangulares e processos de pirólise/carbonização industriais muito mais eficientes, gradualmente sendo adotados.
O carvão vegetal é produzido no Estado do Rio Grande do Sul utilizando tecnologias tradicionais de fornos de alvenaria.
De maneira esquemática, a produção de carvão vegetal no Rio Grande do Sul segue a seguinte forma:
 
 
MADEIRA + CALOR: CARVÃO VEGETAL + VAPORES CONDENSÁVEIS + GASES INCONDENSÁVEIS.
 
O valor de 7365 kcal/kg (30,8 MJ/kg) é apontado como poder calorífico inferior médio do carvão vegetal.  Os valores de 27450 kJ/kg (Oliveira Filho, 1987, p. 3) e de 27170 kJ/kg (Andrade; Sasseron; Oliveira Filho, 1984, p. 4) também são citados.

No processamento comercial final, durante a fragmentação do carvão vegetal bruto e ensacado provisoriamente, ocorre um resíduo de distribuição granulométrica menor, pulverulento, denominado popularmente de "moinha", que perfaz de 8 a 10% do processo final.
 
O carvão vegetal produzido no Estado do Rio Grande do Sul é, geralmente, colocado no mercado em embalagens comerciais de 3, 4, 5, 7 e 10 quilogramas.  

No Estado do Rio Grande do Sul, destacam-se os municípios de Brochier, Maratá, Pareci Novo, Montenegro, Salvador do Sul, Paverama, Teutônia, Novo Hamburgo, Taquari, Guaporé, Poço das Antas, Cachoeira do Sul, São Jerônimo, Butiá, Viamão, Alvorada e Gravataí, entre outros, como produtores de carvão vegetal.
 
Do ponto de vista da distribuição geográfica da produção de carvão vegetal no Estado, nota-se uma concentração nas regiões do Vale do rio Caí, Vale do rio Taquari e na região Carbonífera do Baixo Jacuí (Butiá, Arroio dos Ratos, São Jerônimo e Charqueadas).Estima-se que existam mais de 30 mil produtores de carvão vegetal no território do Rio Grande do Sul.

A maior parte da matéria-prima utilizada para produzir o carvão vegetal, no Estado do Rio Grande do Sul, é originária de florestas monoculturais plantadas de eucalipto (Eucalyptus spp.) e de acácia negra (Acacia mollissima Willd.).  A prática de utilizar essências nativas (por exemplo, maricá) já foi abandonada há muitos anos, permanecendo apenas em alguns pequenos produtores isolados.

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